quinta-feira, 7 de outubro de 2010

HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA VAI PERDENDO

Bernardo de Sá Nogueira, tenente coronel de engenheiros, era governador militar do Porto quando, em Setembro, teve conhecimento de que numerosas forças miguelistas avançavam de Grijó sobre o Alto da Bandeira, onde apenas um batalhão de Infantaria se lhes poderia opor.  Bernardo de Sá correu ao local, onde chegou quando já se travava uma luta, desigual e perigosa para os liberais que o forçou a ordenar prudentemente a retirada do batalhão.  Foi o bravo oficial ferido  por uma bala que lhe fracturou o braço direito. Não obstante o seu sofrimento, continuou firme no seu posto, dirigindo a retirada das suas forças na melhor ordem, até que, postas estas ao abrigo de uma derrota quase certa, se deixou conduzir, a esvair-se em sangue, até poder ser socorrido, sendo necessária a amputação do braço. Não se limitara Bernardo de Sá a dirigir só a retirada, tinha também ordenado as providências necessárias para acautelar a Serra do Pilar e a cidade, determinando, entre outras medidas, que fosse desmanchada a ponte de barcas sobre o rio Douro. Quando um oficial de engenheiros o procurou, já depois de amputado o braço, para lhe dar conta de coo tinha sido cumprida a sua ordem, relativa à ponte, foi encontrar o bravo oficial sentado na cama, experimentando escrever com a mão esquerda.  Ao recebe-lo, Bernardo de Sá, sorrindo disse " Estou já a ensinar a escrever a única mão que tenho, visto que perdi a outra no oficio ". Constância no combate, resignação na dor, duas virtudes que vieram a enaltece-lo como militar e como homem de Estado, aquele que desde essa acção de Setembro, ficou sendo o visconde de Sá da Bandeira, por mercê da Rainha D.Maria II, e oficial da nobre Ordem  da Torre e Espada, por nomeação de D.Pedro. (Tradição histórica de Portugal - Gen. Ferreira Martins ) .  Assim nos conta a nossa História a história deste oficial, que hoje aqui lembro, para que feitos como este, não caiam no esquecimento, numa altura em que nós precisamos de gente corajosa, gente que consiga continuar a fazer a nossa História.

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