Também no soldado negro, quando Portugal tinha colónias, se notaram apreciáveis qualidades militares, que o tornam um valioso combatente, quando devidamente comandado por graduados e entre essas qualidades avulta a sua paciente resignação. - transcrito de um livro da autoria de um combatente português da Grande Guerra de 1914-1918, em Moçambique. « Duma sobriedade inconcebível, parcamente alimentado e miseravelmente pago, se é que alguma vez foi pago durante o tempo em que foi soldado, o Moçambicano, seja ele macua, namarral ou landim, tenha ele os pés em chaga ou pele luzidia pelas fricções de óleo de amendoim - nasceu para ser o " Soldado do silêncio ". Nas marchas para o perigo, em fila indiana, sua formação predilecta, só se lhe ouve o arfar da respiração. Fez toda a campanha descalço, de pernas nuas, nunca se queixou de fadiga, embora em certas ocasiões os olhos o denunciassem injectados com laivos de sangue, como querendo estoirar por um esforço violento. E quando descansava o corpo lasso, suado, olhava o chefe ternamente, não hesitando em sacrificar a própria vida para que a do seu chefe, fosse poupada. Deu exemplos de civismo e de abnegação que ainda hoje fazem corar de vergonha alguns europeus. Duas divisas vermelhas num dólman de caqui, davam-lhe uma autoridade tal que, no cumprimento duma ordem recebida, não hesitaria em aniquilar fosse quem fosse, se alguma malandrice tivesse feito. Tantas vezes vencidos mas não convencidos, vimo-los com mágoa, amarrados pelo pescoço com arames, tornados de soldados em carregadores do invasor, de altivos em miseráveis bestas de carga, sem uma queixa que denunciasse o seu desgosto, que deixasse persentir a sua revolta íntima, que deixasse transparecer a amargura que lhe queimava o coração leal. Alguns, escaparam a essa tortura, encontrámo-los depois nas suas machambas, curando as feridas e beijando os filhos, erguendo-os nos braços descarnados, orgulhosamente, fazendo-nos crer que se sentiam felizes por terem sido leais e poderem deixar uma prole capaz de um dia os vingar ». - Tradição histórica de Portugal ( Gen. Ferreira Martins ). Pensem o que quiserem deste extracto, mas agora em tempo de OGE, dava uma boa lição a uma " Maioria Silenciosa ". Não são necessárias mais palavras, tudo o que me ocorre hoje está enquadrado no extracto que roubei. Não deixando de ser um facto histórico que nos deveria fazer pensar um pouco.
Acho que faltam verdadeiras lições de história ao nossos alunos...
ResponderEliminarSerá que alguém lhes ensinou alguma coisa, verdadeiramente útil e estrutural, enquanto alunos e filhos?
abomino as guerras, como podemos querer fazer a paz com guerra, massacrando, matando deixando tantos inválidos deixando tantas famílias estilhaçadas estropiadas, não temos o direito de fazer de outros seres, alguém inferior a nós, quantas vezes preferia ter nascido animal do que ver as atrocidades que fazemos aos demais.
ResponderEliminarBj