segunda-feira, 25 de outubro de 2010

HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA VAI PERDENDO

Também no soldado negro, quando Portugal tinha colónias, se notaram apreciáveis qualidades militares, que o tornam um valioso combatente, quando devidamente comandado por graduados e entre essas qualidades avulta a sua paciente resignação. - transcrito de um livro da autoria de um combatente português da Grande Guerra de 1914-1918, em Moçambique.   «  Duma sobriedade inconcebível, parcamente alimentado e miseravelmente pago, se é que alguma vez foi pago durante o tempo em que foi soldado, o Moçambicano, seja ele macua, namarral ou landim, tenha ele os pés em chaga ou pele luzidia pelas fricções de óleo de amendoim - nasceu para ser o " Soldado do silêncio ".  Nas marchas para o  perigo,  em fila indiana, sua formação predilecta, só se lhe ouve o arfar da respiração. Fez toda a campanha descalço, de pernas nuas, nunca se queixou de fadiga, embora em certas ocasiões os olhos o denunciassem injectados com laivos de sangue, como querendo estoirar por um esforço violento. E quando descansava o corpo lasso, suado, olhava o chefe ternamente, não hesitando em sacrificar a própria vida para que a do seu chefe, fosse poupada. Deu exemplos de civismo  e de abnegação que ainda hoje fazem corar de vergonha alguns europeus. Duas divisas vermelhas num dólman de caqui, davam-lhe uma autoridade tal que, no cumprimento duma ordem recebida, não hesitaria em aniquilar fosse quem fosse, se alguma malandrice tivesse feito. Tantas vezes vencidos mas não convencidos, vimo-los com mágoa, amarrados pelo pescoço com arames, tornados de soldados em carregadores do invasor, de altivos em miseráveis bestas de carga, sem uma queixa que denunciasse o seu desgosto, que deixasse persentir a sua revolta íntima, que deixasse transparecer a amargura que lhe queimava o coração leal. Alguns, escaparam a essa tortura, encontrámo-los depois nas suas machambas, curando as feridas e beijando os filhos, erguendo-os nos braços descarnados, orgulhosamente, fazendo-nos crer que se sentiam felizes por terem sido leais e poderem deixar uma prole capaz de um dia os vingar ».   - Tradição histórica de Portugal ( Gen. Ferreira Martins ). Pensem o que quiserem deste extracto, mas agora em tempo de OGE, dava uma boa lição a uma  "  Maioria Silenciosa  ". Não são necessárias mais palavras, tudo o que me ocorre hoje está enquadrado no extracto que roubei. Não deixando de ser um facto histórico que nos deveria fazer pensar um pouco.

2 comentários:

  1. Acho que faltam verdadeiras lições de história ao nossos alunos...
    Será que alguém lhes ensinou alguma coisa, verdadeiramente útil e estrutural, enquanto alunos e filhos?

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  2. abomino as guerras, como podemos querer fazer a paz com guerra, massacrando, matando deixando tantos inválidos deixando tantas famílias estilhaçadas estropiadas, não temos o direito de fazer de outros seres, alguém inferior a nós, quantas vezes preferia ter nascido animal do que ver as atrocidades que fazemos aos demais.
    Bj

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