" Por amor de Moçambique ! Camaradas, saibamos merecer a Frelimo. A Frelimo é o povo em armas. O Povo somos todos nós. Não sejamos inimigos de nós mesmos. Será que o melhor governo para nós era o governo de Gwegere e Murrupa ? Será que temos saudades de Joana Simeão ? " - dizia a 27 de Outubro de 1974, e publicado na revista Tempo, um trabalhador fabril da Matola, industriado pela Frelimo. " A reacção quer que nós assaltemos as cantinas, que nos matemos uns aos outros, que toda a vida fique paralisada, que não haja escolas, que não haja comércio, que no cais os trabalhadores deixem de cumprir o seu dever, que nas fábricas não se produza. E houve gente que fez a vontade deles. Houve gente que assaltou cantinas, para que os jornais de todo o mundo digam que a Frelimo não consegue dominar a situação em Lourenço Marques e nas vilas vizinhas. E quando os jornais de todo o mundo disserem isso a CIA e os racistas vão esfregar as mãos, metem para cá os seus agitadores profissionais, metem armas, provocam guerras civis e adeus paz, adeus trabalho em prol de Moçambique " - na mesma revista, na mesma data, desta vez dito por um estudante. Vem isto a propósito dos distúrbios que estão a acontecer em Moçambique. A politica da Frelimo não dá azo a que qualquer outro partido lhes faça frente. Não me admiro nada que Armando Guebuza esteja por detrás destas manifestações, que têm como sustento o aumento do custo de vida. Atendendo às duas reacções feitas em 1974, já nessa altura era assim, agora estão mais refinados, como vem sendo hábito nos políticos. Guebuza foi, como ministro do interior, arrogante e racista. Racista, não só para os brancos mas também para os negros que não fossem da sua etnia, na altura era presidente de Moçambique Samora Machel e ministro dos negócios estrangeiros Joaquim Chissano, o mais moderado de todos eles. Guebuza chegou onde sempre quis, o preço ? Não interessa. Está lá ! A quem interessa cimentar este clima de destabilização ? Guebuza virá dizer que, dentro do partido há gente que não quer a estabilidade, gente que não quer que Moçambique siga em frente, ainda há reaccionários. Gebuza fez parte da comissão de inquérito da morte de Samora Machel. Qual foi o resultado ? Tal como em 1974, Lázaro Kavandame, Uria Simango, Gwengere, ou até posteriormente Joana Simeão, foram sendo eliminados para que a frelimo pudesse ficar só. Hoje é provável que Afonso Dhlakama, tenha alguma ascensão e Guebuza precise desta agitação. O tempo o dirá. Espero para bem dos Moçambicanos, que não seja nada disto, que não haja aproveitamento das forças politicas, porque quem sofre sempre nestas situações são os mais desfavorecidos e em Moçambique é coisa que os moçambicanos não precisam, estão fartos de sacrifícios, fartos de passar fome, fartos de promessas não cumpridas, fartos de verem os afectos ao partido subirem na vida e o povo cada vez mais pobre.
Estes governantes não conseguem viver em paz.
ResponderEliminar