sexta-feira, 15 de outubro de 2010

HISTORIA QUE A HISTORIA VAI PERDENDO

Propôs Mouzinho para serem agraciados com a medalha de " Valor Militar " os seguintes soldados:   2º Sargento José Joaquim, de artilharia de montanha,  « porque depois de ferido e pensado, voltou para o seu posto de combate, dando assim um magnifico exemplo à guarnição da sua boca de fogo »,   ao 2º Cabo José Pisco, de Caçadores 4, « que ferido em combate e sem ter sido pensado, permaneceu na trincheira ( na Mujenga ) fazendo fogo»,   o soldado António Barbosa, da mesma unidade, « que, gravemente ferido na cara, com perda de todos os incisivos e caninos, só  em vista de ordem positiva e repetida não voltou para a linha de fogo, o que com instância pediu que o deixassem fazer »   e o soldado Manuel de Albuquerque, de Infantaria 4, « porque,  tendo tido um braço atravessado por uma bala, no combate do Ibraímo, não saiu da linha de atiradores, continuando a fazer fogo enquanto pode». Para a medalha de prata de " Bons Serviços ", propôs excepcionalmente Mouzinho, o 1º Cabo de Infantaria 4, José Robalo, « porque, na ocasião do seu pelotão sair do campo do bivaque e achando-se doente, pediu para acompanhar o pelotão e só no fim do serviço, já exausto caiu para o chão, sendo transportado para o campo por dois soldados ».
 A estes casos típicos de exemplar constância, revelada por modestas praças, deve-se juntar o de um oficial que mereceu a Mouzinho, muito especial referência e a proposta também para medalha de " Valor Militar " . Em seguida ao combate de Mucutu-Muno, de um pequeno destacamento que Mouzinho mandou fazer, o que hoje se chamaria limpeza da povoação, fez parte um pelotão de Infantaria 4, comandado pelo Alferes José da Conceição Costa e Silva, que nesse serviço foi  ferido na coxa esquerda, por um tiro da descarga com que o seu pelotão foi recebido pelo inimigo. Continuou, não obstante Costa e Silva,  « comandando o fogo, com a coragem e serenidade de que já dera provas numa campanha anterior », diz Mouzinho. E o Chefe acrescenta, no seu relatório para o Ministro: « Peço a V.Exª. que note que não proponho que este oficial seja recompensado pelo simples facto de ter sofrido um ferimento grave, mas sim porque, tendo várias vezes tido ocasião de observar quanto um ferimento abate o moral de alguns, entendo que este oficial, não largando o comando do pelotão e expondo-se, depois de ferido e quase incapacitado de andar, a agravar o ferimento e a apanhar outra descarga `a queima roupa, acha-se no caso previsto no artº.....do regulamento de 1886 ».  O Alferes Silva já se tinha tornado notado no combate de Coolela, combate em que foi ferido por uma bala que lhe atravessou o ombro, com tal choque que o fez cair de costas. Quiseram levantá-lo três soldados, mas ele ergueu - se sem auxílio e fez voltar para as fileiras esses soldados, continuando a comandar o fogo, até que, desmaiando, teve de ser conduzido pelos maqueiros para a ambulância. Bem demonstrado estava o valor deste oficial em campanha, para o qual Mouzinho de Albuquerque propôs  tão alta condecoração. ( Tradição histórica de Portugal - Gen. Ferreira Martins ).  Gente como esta, cada vez mais rara e cada vez nos vai fazendo mais falta, pelo seu sentido patriótico, numa Pátria que está a precisar de quem se destaque.

2 comentários:

  1. homens , patriotas de deram partes do seu corpo e a vida pela nação , receberam medalhas algumas postomas, e agora vimos como são tratados, tens razão quando dizes que homens desses faziam falta, mas também fazia falta valorizar que deu até a alma por este país
    Bj

    ResponderEliminar
  2. "Gente como esta, cada vez mais rara e cada vez nos vai fazendo mais falta, pelo seu sentido patriótico, numa Pátria que está a precisar de quem se destaque"
    Sabes onde encontrar "gente como esta"?

    ResponderEliminar