Peniche em maré de azar, se assim se poderá dizer. Há dias foi a embarcação "Fábio e João", que andava na sua faina de pesca habitual que, aparentemente sem se saber como, se afundou, não tendo sido encontrados os quatro tripulantes. Pessoas trabalhadoras e honestas, que todos os dias iam para a sua labuta, ganhando a vida. O mar era o seu ganha pão. Do mar viviam. Agora três jovens estudantes, que provavelmente foram ver a tempestade no mar que de tão horroroso é linda e ao mesmo tempo perigosa. Estavam no sítio errado, há hora errada. foram arrastados por uma vaga maior. Dois deles, ainda conseguiram, mesmo a pé chegar ao hospital para serem socorridos e pedirem ajuda para o outro, que infelizmente continua sem aparecer. Três jovens estudantes , em que um deles, possivelmente, não mais poderá acabar o curso.O mar é uma longa extensão de água salgada. A sua água é transparente, mas quando se observa parece azul, verde ou até cinzenta. O mar tem tanto de belo como tenebroso.
Em homenagem aqueles a quem o mar levou:
O Mar agita-se, como um alucinado:
A sua espuma aflui, baba da sua Dor...
Posto o escafandro, com um passo cadenciado,
Desce ao fundo do Oceano algum mergulhador.
Dá-lhe um aspecto estranho a campânula imensa:
Lembra um bizarro Deus de algum pagode indiano:
Na cólera do Mar, pesa a sua Indiferença
Que o torna superior, e faz mesquinho o Oceano!
E em vão as ondas se lhe enroscam à cabeça:
Ele desce orgulhoso, impassível, sem pressa,
Com suprema altivez, com ironias calmas:
Assim devemos nós, Poetas, no Mundo entrar,
Sem nos deixarmos absorver por esse Mar
-Pois a arte é, para nós, o escafandro das Almas!
Poema de : Alberto de Oliveira, in "Bíblia do Sonho"
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