sábado, 27 de fevereiro de 2010

HISTORIANDO III

Quanto às relações entre muçulmanos e cristãos, o condado de Coimbra, era governado por Sesnando. O condado de Coimbra estendia-se entre o Douro até ao Mondego, tendo sido palco de algumas escaramuças, entre muçulmanos e cristãos. No tempo de Afonso VI, o bispo da diocese conimbricense, D. Paterno acedendo às chamadas de Sesnando, veio instalar-se em Coimbra. A Sesnando atribui-se , a fundação de um castelo em Penela, castelo esse que mais tarde veio a ser conquistado e destruído pelos muçulmanos e reconquistado e reconstruído pelos cristãos. deste castelo nada resta hoje. A Sesnando sucedeu no governo do condado de Coimbra, seu genro Martim Moniz, em 1093. Afonso VI, refazendo-se no ocidente dos desastres sofridos no Sul, apossava-se de Santarém. Prosseguindo no avanço, em breves dias se apoderou de Lisboa e Sintra. a conquista de Toledo trouxera aos cristãos os domínios até ao Tejo, no centro da Península. A de Santarém e Lisboa, no ocidente trazia a fronteira meridional do reino cristão. Martim Moniz, sucessor de Sesnando no governo de Coimbra e de cuja administração, não há noticias, aparece como governador de Arouca em 1094. Genro de Afonso VI, Raimundo, por iniciativa deste, tomou posse de toda a região ocidental da Península, Santarém, Lisboa e Sintra, dando-lhe também por subalternos, Soeiro Mendes e Martim Moniz, governadores de Santarém e Arouca, respectivamente. Raimundo era filho do Conde de Borgonha, Guilherme, que viera à Península, com outros cavaleiros franceses, bater-se contra os muçulmanos, notabilizando-se Raimundo a ponto de Afonso VI lhe conceder a mão de sua filha Urraca. Nos princípios de 1095. aparece governando Braga, um outro francês, Henrique, a quem Afonso VI tinha casado outra sua filha, Teresa. A região governada por Henrique vai-se alargando, ao mesmo tempo que os laços de subordinação a Raimundo se vão desatando. Em 1096, Henrique governava Coimbra e Braga. a sua autoridade exercia-se desde o Minho ao Tejo, tendo já desaparecido todos os vestígios de subordinação a Raimundo. Estava assim criado o Condado Portucalense, cujo governo, ao contrário da maioria dos outros condados, viria a ser hereditário, passando do conde Henrique, para a sua viúva, por o filho de ambos ser menor e desta, ainda viva, por antecipação violenta para o jovem herdeiro Afonso Henriques. Em 1102 agrava-se a situação e os muçulmanos conquistam Valência, expulsando dali os castelhanos. Governava então a cidade, Ximena, a viúva de El Cid, ao qual se devia a conquista de Valência. Ximena ao ver a cidade ameaçada pede auxilio a Afonso VI, que lhe recusa ajuda. Não lhe interessava uma cidade tão longe sob o domínio cristão. Antes de abandonarem a cidade, os castelhanos destruíram-na. Quando os muçulmanos entraram em Valência pouco mais encontraram do que ruínas. A morte de Afonso VI, veio ocasionar politicas graves em toda a Espanha cristã. Aproveitando-as habilmente o conde Henrique e depois da morte deste, a viúva D. Teresa, que lhe sucedeu, conseguiram cavar mais funda a separação entre este condado e o reino Leonês a que pertencia. Foi esta politica hábil, fortalecida por razões, geográficas, étnicas, históricas, que conseguiu transformar o condado Portucalense, numa nacionalidade independente: Portugal.

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