sexta-feira, 9 de abril de 2010

FILIPA

Deparei com uma noticia, num jornal diário e comentada pelo director adjunto, desse mesmo jornal, sobre um livro que Filipa Gonçalves escreveu. Nada existe de anormal, porque o director adjunto até diz que Filipa, num acto de coragem, conta a sua vida desde o ter nascido mulher num corpo de homem. Isto serve de introdução ao comentário que vou fazer a seguir, digo desde já que concordo com o que o director adjunto diz, já não concordo tanto com a noticia a que ele faz referência.
Diz a noticia, que a infância foi difícil, que aos três ou quatro anos já ela tinha alguma consciência de que havia alguma coisa de errado no corpo dela. Tudo bem! Acredito que ela, vivesse atormentada no infantário, até porque nós sabemos que os miúdos são por vezes cruéis. Até os preconceitos não terão sido fáceis de ultrapassar. Acredito que a vida não tenha sido nada fácil para a Filipa, incluindo a vida dos pais e até o afastamento do pai, só por ser homem. Portanto, a vida não terá sido nada fácil, a quem sente que está no corpo errado. Todo o problema da operação que não correu bem. A perversidade dos rapazes. Todo o problema que teve no Hospital de Santa Maria, toda aquela espera. Tudo aquilo por que passou até chegar ao que é hoje.
Mas não há regras sem excepção. Isto só para escrever sobre o que não concordo, no meio de todo este sofrimento. Hoje como sabemos, acabou o tabu da homossexualidade. Nunca o Paulo (Filipa) admite ser ou ter sido homossexual. Mas admite que era homem, num corpo errado ou não, quando fez amor pela primeira vez. Admite que o seu primeiro amor de verdade foi um Miguel, que foi com ele que aprendeu a fazer amor, não o deixando ver o pénis, nem que o tal Miguel lhe tocasse no pénis. Diz a noticia a determinada altura, sendo um enxerto do livro dela "Posso dizer que o Miguel foi o meu primeiro homem e aquele que me conheceu tal como eu era. O único que me amou incondicionalmente, ao longo de dois anos, e, apesar da sua juventude, foi capaz de superar todos os obstáculos. Pela primeira vez na vida, soube o que era o amor com letra maiúscula. Tivemos uma relação muito fogosa. Amávamo-nos, na verdadeira acepção da palavra , até à exaustão. Éramos capazes de passar um dia inteiro nos preliminares..........". Não duvido nada do que ela conta, e como disse mais atrás, até acredito que tenha sofrido imenso para poder ser o que é hoje, mas devemos chamar o quê a uma pessoa assim? Terceiro sexo? Não, porque foi uma escolha dela. Homossexual? Em determinada altura da vida dela terá sido, antes da transformação. Transexual? Poderá ser. Roberta Close seria? Tudo leva a crer que sim. Vai ser um livro interessante de ler. Com esta publicidade toda pode mandar já fazer 2ª edição! De qualquer das formas, desejo felicidades à Filipa. pelo sofrimento e pela sua realização.

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