sexta-feira, 25 de junho de 2010

MOÇAMBIQUE

Homero Branco a 20 de Junho de 1975
, escrevia assim: " A poucos dias da data que vai ficar como um marco histórico do povo Moçambicano - 25 de Junho de 1975 - a cidade de Lourenço Marques veste-se de cores belas e vivas, que cantam pelas ruas as cores da bandeira que os revolucionários moçambicanos arvoraram e sob a qual alcançaram a vitória.

Cores que não são apenas um símbolo e que havemos de ver reproduzidas na terra arada, semeada e carregada de searas e frutos, de flores. de florestas e barragens, de escolas e fábricas, de creches e hospitais, de luz e flores. por detrás das cores que cantam e do sentido poético das palavras, a esperança que alivia o sofrimento dos homens adquire um novo sentido: não cai do céu, conquista-se, é uma certeza que temos já aqui à mão. Com o nosso trabalho, fundamentalmente com o nosso trabalho, vamos começar a batalha da paz, a conquista e consolidação da independência nacional, a afirmação da nossa personalidade - vamos ocupar o nosso lugar ao Sol.

25 de Junho de 1975: o primeiro dia de uma série infindável de primeiros dias em que cada um deles é mais um passo para a libertação total do povo moçambicano. Independência que não é um fim em si, mas a via para que cada Moçambicano crie a sua identidade própria de homem livre, no gozo de todos os seus direitos. livre, porque tem o direito ao trabalho, a viver numa comunidade que lhe é própria , a conviver em pé de igualdade com o seu semelhante, porque tem o direito e o acesso à instrução, porque tem o dever e a possibilidade de participar na definição e na escolha do destino do seu país. Livre, porque liberto da fome, da opressão, livre porque encontrando-se como individualidade na comunidade de esforços, no trabalho comum, livre porque liberto de individualismo que encerra o homem no horizonte estreito de seu interesse pessoal e imediato. O 25 de Junho não assinala apenas a conquista do poder politico p~elo povo moçambicano. Assinala também a luta pela conquista do poder económico. Produzir é, portanto, a nossa tarefa mais importante e imediata, é a luta que temos que desencadear em todas as frentes...... É neste quadro de trabalho e de unidade que vai assumir as suas caracteristicas essenciais a cultura moçambicana. Ela é tecida da herança do passado, do saber acumulado pelos homens e pelas mulheres ao longo dos séculos, e que traduz nas suas danças, nos seus cantares, no seu vestuário, na sua arquitectura, na sua arte, em suma, na sua maneira de estar no mundo e que não é, nem pode ser, igual, exactamente igual à de qualquer outro povo. Mas o processo cultural é, na sua essência, um processo dinâmico: enraizado, alimentando-se nas estruturas tradicionais que traçam o perfil inconfundível de cada povo, enriquece-se no contacto com outras culturas, com outros povos, no convívio íntimo das culturas de cada povo, que cada uma delas assume inteiramente a sua originalidade, a sua feição própria e, também, a sua universalidade. Unidade interna, unidade com os povos de todo o mundo.........mas será por uma sociedade sem classes que o povo moçambicano terá que se bater, para que a sua luta de libertação nacional, liderada pela FRELIMO, não seja apenas a expressão da conquista da independência moçambicana, mas um contributo valioso, um marco na história da luta do homem, à escala do mundo, pela sua libertação. As ruas, as praças, os edifícios que nós engalanámos cantam o dia 25 de Junho, e as cores são o arauto do futuro que se abre para nós e que, unidos e trabalhando, com suor, esforço, alegria e amor, vamos conquistar.
A luta continua. " .
Editorial do jornal " VOZ DE MOÇAMBIQUE " do dia 20 de Junho de 1975. Se tudo isto se tivesse concretizado, se tudo tivesse sido assim tão simples, Moçambique hoje, seria um país da linha da frente. Com todos os interesses que permearam este Moçambique, que chegou a ser o mais pobre pais do mundo, é o pais que conhecemos hoje, carenciado de tantas coisas, pobre e que vai enriquecendo alguns, por conta da sua pobreza.
35 anos depois o que mudou em Moçambique? Talvez tivesse voltado uma acalmia, podre. Hoje há em Moçambique, pessoas que enriquecem com a sua pobreza. Pessoas que só vão para Moçambique bem pagas. Pessoas que exploram mais o povo moçambicano do que antes. Pessoas que nada fazem para que Moçambique cresça. Há mais oportunistas que antes. Hoje os ingleses fazem aquilo que Portugal não conseguiu, em parte devido aos entraves ingleses, conseguiram levar Moçambique a fazer parte da Commonwealth. Moçambique é um País cheio de potencialidades, é um País onde tem que se trabalhar, sempre teve. É um pais onde se planta para se poder colher. É um pais onde a pesca, também é farta, enquanto os exploradores do mar deixarem. Enfim, Moçambique tem um cheiro caracteristico, cheira a África e é um pais de futuro, assim os governantes o permitam e os exploradores deixem. Neste dia tão especial para o povo Moçambicano, queria também desejar-lhes as maiores felicidades e fé no futuro, com a FRELIMO ou com a RENAMO, que os Moçambicanos tenham o pais que merecem, isento de exploradores, mas com pessoas válidas, que gostem de Moçambique, que sintam o cheiro da terra. Bem hajam todos os Moçambicanos de boa fé.

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