Com este titulo, desabafei no final do ano passado, mais propriamente em Dezembro, que um Português, que trabalhava no Luxemburgo, se tinha sentido mal e que tinha sido levado pelos colegas para um hospital Luxemburguês. Um rapaz, com três filhos de tenra idade, pouco mais que bebés. No hospital Luxemburguês, os médicos tinham chegado à conclusão que tinham que o operar. O rapaz pediu para ser operado em Portugal, porque estava mais perto da família e assim sempre se sentia mais apoiado do que no Luxemburgo. A esposa na altura, tinha pedido à entidade patronal se lhe concedia uns dias para ver se ficava ao corrente da gravidade da operação e ao mesmo tempo dava-lhe o apoio que ele não teria se ficasse no Luxemburgo. Também tinha dito que a resposta da entidade patronal tinha sido: " Numa altura destas, fazes falta, vê lá se podes resolver de outra forma".Estávamos em Dezembro, altura em que o negócio poderá melhorar.
A rapariga que precisa do emprego, que para além do dinheiro que o marido ganhava, era o seu sustento e por conseguinte precisava de trabalhar e receber pelo pagamento dos serviços prestados, que é o que fazem os trabalhadores por conta de outrem, é a venda de serviços, (quase todos os empresários estão convencidos que os trabalhadores não vendem serviços e que não têm que ser pagos pelos serviços que prestam - que é um favor que fazem - ainda não estão convencidos que precisam uns dos outros, não há trabalhadores sem empresários, assim como não há empresários sem trabalhadores) optou, por nas folgas ir visitar o marido, para que este se sentisse menos só e recuperasse o mais rapidamente possível. Portanto não conseguido estar todos os dias com o marido, passava a maior parte do tempo no sítio onde vive com os filhos, para poder trabalhar, pedindo a outras pessoas, se bem que também fossem da família, de forma indirecta, para nos dias em que ele não pudesse ir, fossem eles. Tudo isto para evitar que o "patrão" tivesse alguma razão para lhe levantar um processo disciplinar e consequente despedimento. Isto era o que ela pensava, com alguma razão, visto não ser a primeira que seria despedida. Pois também todos nós sabemos que o negócio não está bom seja para quem for. Mas já me estou a desviar do assunto que me leva a repetir o titulo deste desabafo.
O que me leva a repetir o título, é que o tal rapaz faleceu. A jovem esposa está de rastos, a pensar que, mesmo com o impedimento, não explicito da entidade patronal, de que poderia ter consequências as suas ausências, poderia ter feito mais alguma coisa. Pensa na forma como irá explicar aos filhos a ausência do pai. Os telefonemas que o Pai fazia e que já não os vai fazer. Explicar como é que nunca mais os filhos, mesmo pelo telefone falarão com o Pai. Porque estou certo, que mais tarde ou mais cedo os filhos irão perguntar o que aconteceu! Estou até certo que será mais cedo do que estou a pensar, porque nisto os miúdos são muito prespicazes . Porque é que o pai não volta? Porque é que a mãe já não recebe chamadas do Pai? Porque é que a mãe já não faz as chamadas para o Pai?
Terá que ter muita coragem esta mãe para explicar aos seus filhos que estes ficaram sem o Pai. Nunca mais o vão ver. Como irá esta mãe sustentar os seus rebentos? Grande esforço e grande coragem vai ter que arranjar! Mesmo que a família, que é unida a ajude, são crianças que vão crescer sem Pai. Também sei que estou a desabafar um pouco a quente, mas não poderia ser noutra altura, tinha que ser agora. Porque sinto revolta! Porque sinto injustiça da vida! Porque sinto até injustiça nas palavras do tal "patrão" e sei que ele não é culpado pelo falecimento do rapaz! O que sei é que há uma jovem mãe que vai ter que criar os seus filhos. O que sei é que por vezes a vida é injusta! O que sei é que temos que levantar a cabeça, mesmo que às vezes pensemos que não somos capazes! Coragem, muita coragem para esta mãe e para os seus familiares.
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