É clássico entre nós, o exemplo de Martim Moniz, cujo acto de abnegação perdura há oito séculos. É verdade que alguns autores romantizaram, outros pouco se lhe referiram, o feito que imortalizou o nome do seu autor, que se passou na tomada de Lisboa. Andamos por volta do ano 1147. D. Afonso Henriques resolvera assaltar nesse dia o castelo, defendido pelos mouros. Divididas as forças para o assalto, coube a Martim Moniz comandar um dos grupos assaltantes, cuja empreitada era deveras difícil e arriscada. Com os seus homens galgou uma subida íngreme. enquanto os mouros, do alto das muralhas, lançavam enormes pedras que, rolando encosta abaixo, iam parar ao fundo do vale, arrastando consigo alguns dos homens de Martim Moniz. Nada porém demovia o grupo de continuar escalando a encosta, até ao ponto em que lhe seria possível arvorar uma escada contra a muralha, para que uns subissem por ela, enquanto outros iriam arrombar a porta do castelo, para poderem entrar por ela. Os mouros perceberam os preparativos dessa manobra e por sua vez, dividiram-se em dois grupos, um que do alto da muralhas repeliria quem tentasse subir pela escada e outro, que abrindo a porta, saiu a campo, combatendo os assaltantes. A este grupo fez frente Martim Moniz, começando por fazê-lo recuar, mas em numero superior, os mouros acabaram por levar o bravo Martim e os seus homens novamente contra a porta, que já tinham transposto, procurando empurra-los para fora do castelo. É então que Martim Moniz, não querendo perder a vantagem, que tanto tinha custado a alcançar, reúne, apesar de ferido, todas as forças, todas as suas energias. e atirando-se contra a porta, consegue atravessar-se nela, para a manter aberta, oferecendo o seu corpo como ponte por onde os seus passaram e entraram decididamente no castelo, onde, em rija peleja com os seus defensores, acabaram por obrigá-los a render-se. Entre portas, Martim Moniz morreria em glória, por ter conquistado aos mouros, Lisboa, a capital portuguesa, num acto de abnegação ímpar. Sacrificando a sua vida voluntariamente por ela. (in As virtudes militares na tradição histórica de Portugal, Gen. Ferreira Martins).
São Histórias como esta, que fizeram um País como o nosso. São Histórias que pretendemos desvalorizar, ou dito de outra forma, que alguns pretendem desvalorizar. Sendo Histórias verdadeiras ou não, são aquelas que eu aprendi na minha 4ª classe, e que me enchiam de orgulho, que me ensinaram a ser Homem e Português. Que me ensinaram a defender sob qualquer condição o País em que nasci e que se chama Portugal. Sempre que o país precisou de mim, erradamente ou não, eu estive lá. Mesmo hoje se necessário fosse, lá estaria para defender aquilo que Homens, como este, ajudaram a construir. Apesar de não atravessar-mos um bom momento, sinto orgulho em ser Português, mesmo não concordando com a forma como estou a ser governado. O que não quer dizer que internamente, seja incondicionalmente a favor do País onde nasci.
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